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terça-feira, março 15, 2011

A Bela Adormecida da Disney e toda sua Arte

Hoje é meu aniversário e para comemorar, o post será sobre a mais linda história de princesas dos estúdios Disney (minha preferida), a clássica ‘Sleeping Beauty’ ou A Bela Adormecida. Prepare-se, pois esse post será ENORME e cheio dos detalhes dessa obra tão linda, se não é fã, já aviso, a leitura será longa. rsrs

É o 3o filme de animação (com uma princesa como personagem central) em longa-metragem, produzido pela Disney em 1959. É importante lembrar que a história original é diferente da versão desenvolvida pela Disney, e os estúdios creditam a sua versão adaptada à obra escrita por Charles Perrault.

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A Origem do Clássico
A história de A Bela Adormecida tem sua origem num conto da tradição oral europeia de 1528, foi recolhida/adaptada por Giambattista Basile (Jean-Baptiste Basile) e publicada por ele em 1636. A versão de Basile foi novamente adaptada e publicada por Charles Perrault (1697) em Histórias de Contos de Tempos Passados, e posteriormente, na versão de Jacob e Wilhelm Grimm, como a história Rosa Silvestre que foi publicada em uma coletânea de 1812 no livro Contos para Crianças.

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Curiosidade: A versão dos irmãos Grimm termina antes das outras versões (com a princesa acordando após o beijo do príncipe), em Perrault a cena do beijo acontece na metade do livro, evoluindo ao casamento e os eventos que se seguiram, dando a história um tom de horror. A animação cinematográfica da Disney, também fez suas adaptação, mas, reitero, é muito mais próxima a versão dos irmãos Grimm.

Nessa adaptação, diferentemente de suas predecessoras (Branca de Neve e Cinderela), não temos o foco tão voltado em outras subtramas cômicas (o cotidiano dos anões e ratinhos, por exemplo), toda história é centrada nas personagens principais.

O Projeto da Criação e Animação
Walt Disney escolheu como responsável pelo visual da animação o artista Eyvind Earle, este por sua vez, optou por um estilo fundado no gótico internacional, do fim da Idade Média e começo do Renascimento, quando pintores utilizavam composições ricamente detalhadas (observe como as imagens de fundo são trabalhadas).

Segundo Eyvind, seu trabalho foi inspirado na pré-renascença, medieval e gótica, e claro, em sua leitura/visão particular. O ‘Book of Hours’ de Jean, duque de Berry foi o livro que mais influenciou seu trabalho, misturando livro de orações com calendário que ilustra as estações do ano com pinturas panorâmicas de florestas, campos e construções.

Visto em sua arte conceitual A Bela Adormecida é um filme gótico, mas contemporâneo em termos de design, sendo a reinterpretação do ponto de vista dos anos 50 em relação às ideias, cores e motivos da Idade Média.

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O trabalho da equipe de animadores com a interpretação almejada por Eyvind encontrou alguns desafios, pois os cenários eram extremamente detalhados/rebuscados, e as personagens teriam que se destacar, mas de modo estilizado para a harmonia com o cenário desenvolvido.

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Segundo Ollie Johnston, W. Disney concedeu a liderança total do projeto de criação a Eyvind, dessa forma os animadores deveriam seguir suas orientações sobre o estilo de cada personagem. Embora, a maior parte das personagens tenha traços longilíneos, as fadas se mantiveram ‘fofinhas’ (estilo dos animadores), caracterizando o lado humano e ‘fofo’ *.* , graças à persistência dos chefes de animação Ollie e Frank.

As fadinhas dão o tom cômico, nos ‘storyboards’ a intenção era apresentar mais cenas cômicas (pastelão mesmo), porém, W. Disney optou por não incluir excessos na animação, mas, buscou captar as sutilezas humanas, apresentando um estilo bastante sofisticado às personagens.

Marc Davis foi o responsável pela animação de Malévola e da princesa Aurora, Milt Kahl desenhou o Príncipe e a luta com o dragão ficou a cargo de Woolie Reitherman (piloto de aviões de combate na II Guerra Mundial) que já havia visto muita ação.

Atuação e Dublagem
Para a maior qualidade ao projeto, atores foram filmados como referência de animação e design, Walt era meticuloso na escolha daqueles que interpretariam as falas.

Mary Costa emprestou sua voz para Aurora/Rose, segundo ela, W. Disney disse-lhe:
“Quero que coloque todas as cores e sentimentos que tem pela Rose na sua paleta vocal e que pinte com sua voz.”
Bill Shirley emprestou sua voz ao príncipe Felipe, ele era um cantor popular da época e Mary Costa, uma cantora de ópera, que posteriormente cantou na Ópera de Nova York, sua beleza era tamanha que foi escolhida junto com Helene Stanley como inspiração para a criação de Aurora/Rose.

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Eleanor Audley, dublou a Malévola devido a imponência de sua voz, Verna Felton dublou a fada Flora, Barbara Jo Allen, Fauna e Barbara Luddy, Primavera.

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Era comum utilizar atores encenando trechos da ação para desenvolver os desenhos, segundo Marc Davis:
“Por que imaginar as coisas quando se pode vê-las?”.
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Atualmente os animadores da Disney contam com um acervo completo de pesquisa na biblioteca disponível para análise de personagens em ação, mas na época de 50, isso não ocorria.

O Figurino
A roupa de Aurora foi criada pela estilista de moda Alice Davis que trabalhou como figurinista no projeto, a quem foi solicitado que na floresta a roupa remetesse aos vestidos da Bavária utilizados por camponeses.

A Trilha Sonora
Para a trilha sonora W. Disney queria música clássica para acompanhar a linha do filme, a escolha de Eyvind tornou a trilha um diferencial dos outros filmes.

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Sammy Fain compôs a trilha inicialmente, mas a linha estilizada da animação permitiu apenas o uso de uma música dele ‘Once Upon a Dream’, George Bruns adaptou a música do russo Piotr Ilitch Tchaikovsky para o filme. A trilha musical da animação foi gravada em estéreo num estúdio de alta tecnologia da Alemanha, sendo o 1º desenho longa-metragem com 6 canais estereofônicos.

Apresentação ao Público e Bilheteria
A animação foi um processo inovador aos estúdios na época, mesmo os efeitos especiais que foram feitos à mão, surpreendem. Esse filme buscou a perfeição em todos os seus conceitos, sendo a 2ª maior bilheteria, só atrás de Ben-Hur, mas seus custos dispendiosos não foram cobertos.

W. Disney apresentava um programa de TV chamado Disneyland, na época ele apresentou o projeto do castelo de A Bela Adormecida para o parque temático, o castelo foi construído e  apresentando bem antes de ser inaugurado na Disneylândia. A ponte levadiça baixou em 17 de julho de 1955 e se tornou a entrada da área mais amada do parque na época.

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O interior do castelo só foi aberto ao público em sua inauguração 2 anos mais tarde, no começo contava apenas com lojas no 1º andar, e posteriormente Eyvind foi novamente convidado para colaborar no design.

Em 29 de abril de 1957, Shirley Temple foi convidada para abrir as portas do interior do castelo (era a data de aniversário de seu filho).

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O castelo e posterior passeio foi apresentado 4 anos antes do filme ficar pronto, após a estreia do filme, as pessoas se questionavam porque muitos componentes do passeio não eram mencionados na animação, e por esse motivo em 1977 o trajeto do passeio foi remodelado, e em 2001 o castelo foi fechado, por não manter a imensidão do filme.

Ufa… ‘postão’, né? Mas, quem é fã desse clássico, assim como eu, sempre quer mais e mais informações.

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Beijos,
Fontes:
  • Picture Perfect – The Making of Sleeping Beauty
  • A História por trás da história

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