
O Contexto do Estúdio na Época
A Metro-Goldwyn-Mayer Studios foi criada em 1924 e tornou-se a gigante do cinema mudo, sendo administrada por Irving Thalberg e Louis B. Mayer, o estúdio era uma verdadeira cidade que contava’ com milhares de profissionais, mas em 1927 a ameaça dos filmes falados começou, e os Musicais foram os primeiros no gênero.
Na época, a MGM contava com uma constelação de astros e estrelas em seu casting, mas o problema é que grande parte deles não tinha preparação para cantar ou até mesmo falar diante às câmeras, eis o motivo pelo qual muitos desses artistas não terem sobrevivido com suas carreiras após essa mudança.
Thalberg, em 1928, decidiu inovar e realizar o 1º musical da MGM, em sua busca pelo material adequado, conheceu o letrista Arthur Freed e suas canções compostas por Nacio Herb Brown.
Em 1929 a MGM apresentou o musical The Broadway Melody que fez muito sucesso e conquistou o Oscar de Melhor Filme do ano, após essa conquista esses 2 profissionais foram contratados e formaram a maior dupla de compositores do estúdio. Posteriormente, criaram o musical The Hollywood Revue e a música Singin’ in the Rain teve sua primeira apresentação ao público.
Freed quis trabalhar como produtor e solicitou a aquisição dos direitos do livro O Mágico de OZ e foi um estrondoso sucesso, assim ele se tornou uma figura poderosa na MGM, entre sua lista de filmes grandiosos estão O Barco das Ilusões e Sinfonia de Paris.
O Nascimento do Clássico
Freed escolheu seus roteiristas de confiança (Comden e Green) para escrever um filme baseado em suas músicas e que se chamaria Singin’ in the Rain. Eles roteirizavam o filme em pedaços que precisavam da aprovação de Freed para continuarem, e após lerem parte do roteiro a Gene Kelly, ele decidiu fazer parte do projeto.
Lista de músicas utilizadas e os filmes de origem:
- All I do is dream of you – Sadie McKee (1934)
- Beautiful girl – Going Hollywood (1933)
- The Broadway melody – The Broadway Melody (1929)
- Broadway rhythm - Broadway Melody (1936)
- Good morning – Babes in arms (1939)
- I’ve got a feelin’ you’re foolin’ - Broadway Melody (1936)
- Should I? – Lord Byron of Broadway (1929)
- Singin’ in the rain - The Hollywood Revue (1929)
- Temptation - Going Hollywood (1933)
- Would you? – San Francisco (1936)
- You are my lucky star - Broadway Melody (1936)
- You were meant for me - The Broadway Melody (1929)
Para aproveitar as músicas a história foi ambientada no final da década de 20 e decidiram que o personagem de Kelly seria um ator de Vaudeville que migrou para os filmes e depois se adaptou aos musicais.
O roteiro foi revisado e mudado muitas vezes, pois as músicas/cenas eram adequadas segundo a visão de Freed, por exemplo, a cena clássica de Kelly para a música título não constava do roteiro original, ela seria interpretada por Kelly, Reynolds e O’Connor, sendo posteriormente substituída (no 2º roteiro) pela canção Good Morning para o trio e o solo para Kelly.
Ao final do roteiro, o orçamento para o filme foi em cerca de US$ 1.9 milhão, sendo enviado para aprovação da MGM, e em 1950 a diretoria do estúdio mudou, Mayer foi afastado e Dore Schary assumiu o executivo, meses depois Mayer foi definitivamente demitido e Schary assumiu. Entretanto, foi Mayer que em um de seus últimos atos no estúdio deu a aprovação para o filme.
Kelly era reconhecido como um motivador capaz de fazer as pessoas acreditarem que podiam fazer tudo aquilo a que se propusessem de verdade. Ele era um profissional perfeccionista e obstinado em suas decisões, e claro, graças ao seu brilhantismo e talento, suas escolhas eram acertadas.
Os primeiros números musicais do filme tiveram início em 22/05/1951 e a gravação da música título em 05/06/1951.
Na cena musical Beautiful Girl temos um desfile do figurinista Walter Plunkett que trabalhou em grandes clássicos do estúdio, graças a excelência de seu trabalho, a equipe de criação decidiu utilizar seus figurinos e criou essa cena para isso.
A 1ª cena gravada foi a do trio na canção Good Morning (trabalho de 14 horas), a cena de O’ Connor, Make ‘Em Laugh levou 3 dias, e a música é uma versão genérica inspirada na canção Be a Clown de Cole Porter para o filme O Pirata (MARAVILHOSO, Kelly e Gallard).
Kelly não descuidava da precisão histórica à realidade da época para o filme, pesquisava em revistas e no conteúdo encontrado nos estúdios para recriar a magia do período e astros do cinema mudo. Era também aberto às histórias de profissionais mais antigos do estúdio que lhe transmitiam detalhes relevantes para uso no desenvolvimento do filme.
A cena da música título foi gravada com Kelly em 17 de julho 1951, ocorreram alguns probleminhas técnicos relacionados à criação da chuva, mas a excelência, emoção e paixão de Kelly sobressaíram-se.
O custo total do filme foi pouco mais de US$2,5 milhões, um enorme custo em 1952, devido a esse detalhe a equipe de publicidade foi acionada e teve que sair a campo para buscar o retorno do investimento, eles utilizaram anúncios em jornais, peças promocionais, partituras, disco com a trilha, venda de guarda-chuvas e outros itens.
Estreou no Radio City Music Hall e a crítica elogiou o filme que arrecadou US$ 95 mil na estreia. Vale ressaltar que o filme não recebeu a indicação ao Oscar de Melhor Filme, tendo todo o seu valor reconhecido e aclamado realmente, tempos depois graças ao filme Era uma vez em Hollywood de 1974.
(...) “porque trabalhei sob a tutela de Gene Kelly. Eu fui uma garota muito sortuda por ter aprendido com um homem tão determinado, poderoso e talentoso. Ele me ensinou uma grande ética de trabalho.” Debby Reynolds
Ficha técnica
- Direção Gene Kelly e co-direção Stanley Donen
- Roteiro: Betty Comden e Adolph Green
- Fotografia: Harold Rossom
- Produtores/Cias Produtoras: Arthur Freed?MGM
Indicações da Academia 1953:
- Melhor Atriz Coadjuvante: Jean Hagen
- Melhor Música/Trilha Sonora de Filme Musical: Lennie Hayton
Elenco:
- Don Lockwood : Gene Kelly
- Kathy Seldon: Debbie Reynolds
- Cosmo Brown: Donald O’Connor
- Lina Lamont: Jean Hagen
- R.F. Simpson: Millard Mitchel
- Dançarina do Sonho: Cyd Charisse
- Roscoe Dexter: Doulgas Fowley
- Zelda Zanders: Rita Moreno
Fontes:
- Documentário What a Glorious Feeling
- 501 filmes que merecem ser vistos – Larousse
- http://en.wikipedia.org/wiki/Singin%27_in_the_Rain
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